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Um roteiro lírico por Belém do Pará: a porta de entrada da Amazônia

Postado em 22 de outubro de 2019 por Michele em Gerais, Metropolitana de Belém, Turismo
Portal da Amazônia (Foto: Rogério Almeida)

Portal da Amazônia (Foto: Rogério Almeida)

No dia 12 de janeiro de 2019, a cidade de Belém do Pará, completou 403 anos e para comemorar nada melhor do que fazer um roteiro lírico, pelo centro histórico desta cidade que é uma das mais antigas e mais belas do Brasil.

Catedral Metropolitana de Belém (Foto: Rogério Almeida)

Catedral Metropolitana de Belém (Foto: Rogério Almeida)

Nosso roteiro se inicia diante da  Catedral Metropolitana de Belém, conhecida como Catedral da Sé, que faz farte do complexo histórico e religioso da cidade velha, denominado Feliz Lusitânia.

Em estilo neoclássico e com perfil mais barroco-rococó, a Catedral da Sé de Belém, tem um nicho com uma estátua de Nossa Senhora. A construção foi totalmente concluída em 1782 e traz a marca do arquiteto italiano Antônio Landi.

A catedral é parte importante da tradicional celebração do Círio de Nazaré,  maior procissão do mundo ocidental. Após uma missa na catedral, a imagem de Nossa Senhora de Nazaré parte em procissão da catedral até a Basílica de Nossa Senhora de Nazaré.

Casa das Onze Janelas (Foto: Rogério Almeida)

Casa das Onze Janelas (Foto: Rogério Almeida)

O arquiteto italiano Antônio Landi também é responsável pelo projeto da Casa das Onze Janelas, que com a Catedral e a Igreja de Santo Alexandre, o Forte do Presépio e a Praça Dom Frei Caetano Brandão, faz parte do Complexo Feliz Lusitânia.

Conhecido como Palacete das Onze Janelas (séc. XVIII), a edificação foi construída como residência de Domingos da Costa Barcelar, senhor de engenho.  Foi adquirida em 1768, pelo governo do Grão-Pará para ser Hospital Real e hoje abriga o Museu de Arte Contemporânea, com quatro espaços de exposição e o restaurante Saulo, um dos “tops” da gastronomia paraense.

Igreja de Santo Alexandre e Museu de Arte Sacra (Foto: Rogério Almeida)

Igreja de Santo Alexandre e Museu de Arte Sacra (Foto: Rogério Almeida)

A Igreja de Santo Alexandre, erguida pelos padres da Companhia de Jesus, é integrada ao Museu de Arte Sacra, que conta com cerca de 400 peças do século XVII.

Museu de Arte Sacra de Belém (Foto: divulgação)

Museu de Arte Sacra de Belém (Foto: divulgação)

Forte do Castelo (Foto: Rogério Almeida)

Forte do Castelo (Foto: Rogério Almeida)

Junto ao Palacete das Onze Janelas se ergue o Forte do Castelo, primeira construção da cidade de Belém e em que se descortina a Baía do Guajará. Em seu interior está o Museu do Encontro.

Aqui é o local do início do povoado de Nossa Senhora de Belém, do levante dos índios Tupinambás (1617-1621), quartel-general dos revoltosos da Cabanagem (1835-1840), e que foi transformado em hospital, casa dos flagelados da seca do nordeste do Brasil, quartel durante a II Guerra Mundial, sede social do Círculo Militar de Belém, e berço da capital do Pará.

Canhões do Forte do Castelo (Foto: Rogério Almeida)

Canhões do Forte do Castelo (Foto: Rogério Almeida)

Estátua de Dom Frei Caetano Brandão (Foto: Rogério Almeida)

Estátua de Dom Frei Caetano Brandão (Foto: Rogério Almeida)

Neste complexo Feliz Lusitânia está a imensa Praça Dom Frei Caetano Brandão, com a estátua do bispo com paramentos episcopais solenes, com mitra, báculo e capa magna, numa obra do artista plástico Domenico De Angelis, no ano de 1899.

Dom Frei Caetano Brandão, nasceu na Quinta do Lameiro, hoje Oliveira de Azeméis, em Portugal. Em 1782, foi nomeado o sexto Bispo do Pará, pela rainha D. Maria I.

Corveta Museu "Solimões" (Foto: Rogério Almeida)

Corveta Museu “Solimões” (Foto: Rogério Almeida)

Bem junto à Praça está a Corveta Museu “Solimões,”construída por um estaleiro holandês (1954), e entregue à Marinha Brasileira em 1955. Hoje é um navio-museu, que rememora a trajetória da embarcação pela águas brasileiras e o cotidiano da sua tripulação.

Aninga (2002), escultura de Osmar Pinheiro (Foto: Rogério Almeida)

Aninga (2002), escultura de Osmar Pinheiro (Foto: Rogério Almeida)

Bem diante da Corveta no Jardim das Esculturas, está uma bela obra de arte de Osmar Pinheiro (*Belém do Pará, 1950, + SP, 2006), chamada de Aninga, de 2002.

 A primeira rua de Belém: Siqueira Mendes, tendo ao fundo a Igreja de Nossa Senhora do Carmo (Foto:Rogério Almeida)

A primeira rua de Belém: Siqueira Mendes, tendo ao fundo a Igreja de Nossa Senhora do Carmo (Foto:Rogério Almeida)

Depois saindo da Praça Dom Frei Caetano Brandão, logo na esquina, chegamos ao Bairro da Cidade Velha, onde se encontra a primeira rua de Belém, a Siqueira Mendes, em homenagem ao Cônego Manuel José de Siqueira Mendes, que foi presidente da Província em 1868. Foi a primeira rua aberta pelos colonizadores portugueses, e os casarões ainda bem preservados, são testemunhas da riqueza da época.

Açaí Biruta: (Foto:Rogério Almeida)

Açaí Biruta: (Foto:Rogério Almeida)

Num um dos casarões da Rua Siqueira Mendes, funciona o que hoje é um dos “points da juventude, com suas festas raves, o Açaí Biruta.

Fátima Bernardes e o casal Elyne Suane e Nazareno Alves do Grupo Point do Açaí (Foto: Divulgação)

Fátima Bernardes e o casal Elyne Suane e Nazareno Alves do Grupo Point do Açaí (Foto: Divulgação)

O Açaí é moda no Pará, como no resto do mundo, e o sócio proprietário do Grupo Point do Açaí, Nazareno Alves, que já foi entrevistado por Fátima Bernardes, e possui cinco restaurantes de açaí em Belém,  inaugurou recentemente o Point do Açaí Gastro Bar, no bairro do Umarizal, onde também funciona uma unidade de processamento. Na inauguração contou com uma apresentação da cantora paraense, Juliana Sinimbú.

Nazareno Alves e Elyne Suane (Foto: Rogério Almeida)

Nazareno Alves e Elyne Suane (Foto: Rogério Almeida)

Para Nazareno Alves, o Açaí (ele me confidencia que vicia) não é somente um alimento típico da Amazônia, mas uma expressão da cultura local.

Point do Açaí Gastro Bar (Foto: Divulgação)

Point do Açaí Gastro Bar (Foto: Divulgação)

O açaí servido pelo Point do Açaí Gastro Bar, tem origem nas áreas de várzea e de terra firme irrigada na Ilha do Combú,  próximo de Belém, nos municípios de Abaetetuba e de Ponta de Pedras e também das áreas de produção e plantio de açaí no município de Igarapé-Açu.

Muitos casarões antigos de uma época de ouro de Belém estão nesta rua, a Siqueira Mendes, como a sede da Associação Desportiva, Recreativa e Beneficente Bancrevea, fundada em 23 de junho de 1891.

Sede do Clube Bancrevea, de 1891 (Foto:Rogério Almeida)

Sede do Clube Bancrevea, de 1891 (Foto:Rogério Almeida)

Considerado um dos símbolos da riqueza do “Ciclo da Borracha”, o Palacete Pinho (1897), chama a atenção na Rua Siqueira Mendes. Ocupado desde o início pela família do Comendador Antonio José de Pinho, responsável pela sua construção, foi palco de grandes saraus e apresentações de orquestras, reunindo a elite da época.

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De estilo arquitetônico comum em Portugal, nos séculos XVII e XVIII, mas raro no Brasil possui influência dos palácios e vilas italianas do século XVI.

O Palacete chegou a ser ocupado por moradores de rua, e foi vendido em 1978 e desde 1992 passou para a administração da Prefeitura de Belém. E em 2011 foi totalmente restaurado com recursos da lei Rouanet.

Igreja de Nossa Senhora do Carmo (Foto:Rogério Almeida)

Igreja de Nossa Senhora do Carmo (Foto:Rogério Almeida)

No final da rua onde se encontra o Palacete Pinho, se tem uma bela visão da Igreja de Nossa Senhora do Carmo. Também de autoria do arquiteto italiano Antonio Landi, a igreja( séc. XVIII), foi restaurada em 2015, e pertence a Arquidiocese de Belém.

Mangal das Garças (Foto: Rogério Almeida)

Mangal das Garças (Foto: Rogério Almeida)

Na mesma rua da Igreja de Nossa Senhora do Carmo se encontra o Mangal das Garças, um parque naturalístico, numa área de 40 mil metros quadrados, às margens do Rio Guamá.

Inaugurado em 12 de janeiro de 2005, no entorno do Arsenal da Marinha, é uma das visitas obrigatórias em Belém. No local existem mais de trezentas espécies de árvores nativas, incluindo a do açaí e muitas aves, flamingos, pelicanos e garças.

Farol de Belém do Mangal das Garças (Foto: Rogério Almeida)

Farol de Belém do Mangal das Garças (Foto: Rogério Almeida)

No centro está a torre-mirante, o Farol de Belém,  com 47 metros de altura e  visão completa da cidade.

Modelo grávida posando no Mangal das Garças (Foto: Rogério Almeida)

Modelo grávida posando no Mangal das Garças (Foto: Rogério Almeida)

Muita gente vem ao Mangal com toda a família, alguns para fotos de casamento e havia até uma grávida pousando para seu booking de espera do primeiro bebê.

Mangal das Garças (Foto:Rogério Almeida)

Mangal das Garças (Foto:Rogério Almeida)

No Mangal das Garças existe um borboletário (Reserva José Márcio Ayres), o primeiro do gênero na região norte do Brasil, o Museu Amazônico da Navegação e o Restaurante Manjar das Garças.

Praça do Relógio (Foto: Rogério Almeida)

Praça do Relógio (Foto: Rogério Almeida)

Saindo do Mangal das Garças vamos em direção à Praça Siqueira Campos, mais conhecida como Praça do Relógio, por abrigar um imenso relógio (1930), construído pela empresa J.W.Benson, com 12 metros de altura,  e importado da Inglaterra.

A Praça faz parte do complexo arquitetônico e paisagístico do Ver-O-Peso e foi tombado pelo Instituto de Patrimônico Histórico Nacional (IPHAN) em 1977.

Urubu e garça namoradeira (Foto: Rogério Almeida)

Urubu e garça namoradeira (Foto: Rogério Almeida)

Diante da Praça junto ao cais estão os urubus e em particular a garça namoradeira, que ficou famosa com a canção de carimbó de Dona Onete (No Meio do Pitiú)

Dona Onete do Carimbó da Garça Namoradeira (Foto: Divulgação)

Dona Onete do Carimbó da Garça Namoradeira (Foto: Divulgação)

” A garça namoradeira, namora o malandro do urubu. Eles passam a tarde inteira, causando o maior rebu. Na doca do Ver-o-Peso, no meio do Pitiú”.

https://youtu.be/CkFpmCP-R04

Barcos de peixe com urubus e garças e o Mercado de Ver-o- Peso (Foto: Rogério Almeida

Barcos de peixe com urubus e garças e o Mercado de
Ver-o- Peso (Foto: Rogério Almeida

O Mercado Municipal Bolonha de Peixe, mais conhecido como o Ver-o-Peso, é o cartão postal de Belém do Pará. Inaugurado em 1625, no início se chamava Casa de Haver o Peso.

Mercado Ver-o-Peso (Foto: Rogério Almeida)

Mercado Ver-o-Peso (Foto: Rogério Almeida)

Foi eleito uma das 7 maravilhas do Brasil e é um dos mais antigos do Brasil e possui a maior feira ao ar livre da América Latina.

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Um dos destaques é o Mercado de Ferro (1901), com toda a  metálica em zinco veille-montaigne, trazida pré-fabricada da Inglaterra em estilo Belle Époque.

Solar da Beira visto do Mercado de Ferro (Foto: Rogério Almeida)

Solar da Beira visto do Mercado de Ferro (Foto: Rogério Almeida)

Diante do Mercado de Ferro está o Solar da Beira (Séc. XIX), em estilo neoclássio, e  que está sendo restaurado, num valor de R$ 4 milhões,  pela Prefeitura de Belém, por meio da Secretaria Municipal de Urbanismo (Seurb).

Belém de antigamente (Foto: Rogério Almeida)

Belém de antigamente (Foto: Rogério Almeida)

Saindo do complexo Ver-o-Peso, nosso destino é a Estação das Docas, um complexo turístico e cultural e que fazia parte do Porto de Belém.

 Estação das Docas (Foto: Rogério Almeida)

Estação das Docas (Foto: Rogério Almeida)

Inaugurado em 13 de maio de 2000, hoje é um dos lugares mais visitados da capital paraense.  São 32 mil metros quadrados dividos em três armazéns e um terminal de passageiros, tudo diante da Baía do Guajará.

Restaurante Lá em Casa da Estação das Docas (Foto: Rogério Almeida)

Restaurante Lá em Casa da Estação das Docas (Foto: Rogério Almeida)

Os três galpões de ferro foram trazidos da Inglaterra e os guindastes externos, simbolos do local, foram fabricados nos Estados Unidos, no início do século XX. Já a máquina a vapor em meados de 1800, fornecia energia para os equipamentos do porto de Belém. Na Estação das Docas, os visitantes apreciam bons restaurantes como Lá em Casa, e provam o melhor sorvete do mundo, na Cairu.

Bolinho de Piracuí do Restaurante Lá em Casa (Foto: Rogério Almeida)

Bolinho de Piracuí do Restaurante Lá em Casa (Foto: Rogério Almeida)

Espapo São José Liberto (Foto: Rogério Almeida)

Espapo São José Liberto (Foto: Rogério Almeida)

Da Estação das Docas seguimos para o Espaço São José Liberto, antiga cadeia pública de Belém e Patrimônio Histórico do Estado do Pará. Construído em 1749, como Convento de São José, hoje abriga o Polo Joalheiro, com o Museu de Gemas do Pará, e se transformou num espaço criativo e cultural, com a Casa do Artesão, o Anfiteatro Coliseu das Artes, o Memorial da Cela e o Jardim da Liberdade.

Em 1998, após várias revoltas, o presídio foi desativado e em 2002 após restauração, se transformou no Espaço São José Liberto, que abriga a Capela São José (onde são realizados concertos musicais). Destaque para uma das salas onde eram praticadas as torturas, na época que funcionava como presídio.

Museu Paraense Emílio Goeldi

Museu Paraense Emílio Goeldi

Depois visitamos o Museu Paraense Emílio Goeldi. Vinculado ao Ministério da Ciência e Teconologia e Inovação, possui um dos maiores acervos nas área de ciências naturais e humanas relacionadas à Amazônia, além de promover pesquisas e estudos científicos dos sistemas naturais e culturais da região.

É a mais antiga instituição na região norte e reconhecido mundialmente como uma das mais importantes instituições de investigação científica sobre a Amazônia brasileira.

Emílio Goeldi (Arquivo Histórico)

Emílio Goeldi (Arquivo Histórico)

O Museu homenageia ao naturalista suíço Émil August Goeldi (Emílio Goeldi), que foi demitido do Museu Nacional, por questões políticas, após a Proclamação da República e como zoólogo assumiu a direção do Museu, transformando-o, no que hoje é o mais famoso Parque Zoobotânico do Brasil. Possui cerca de 2.000 árvores nativas da região, e 600 animais, muitos deles ameaçado de extinção. O Parque recebe mais de 400 mil visitantes por ano, e é uma referência mundial.

Theatro da Paz

Theatro da Paz

Depois do Museu Emílio Goeldi, fomos visitar o Theatro da Paz. Ao chegar ao local, minha sensibilidade aflorou porque eu era muito amigo do maestro Waldemar Henrique (* Belém, 1905, + Belém, 1995), que sempre me convidava para conhecer a capital do Pará.

Maestro Waldemar Henrique (Foto: Arquivo)

Maestro Waldemar Henrique (Foto: Arquivo)

E desta vez quando visito Belém, a sensação de que o maestro não está mais entre nós, mas permanece vivo através do Theatro da Paz, era a sua casa, onde foi diretor no período de 1964 a 1979, e fez dos camarins a  sua casa, por alguns anos.

Busto de Carlos Gomes (Foto: Rogério Almeida)

Busto de Carlos Gomes (Foto: Rogério Almeida)

O Theatro da Paz foi o local onde o maestro Carlos Gomes, embora nascido em São Paulo, encenou sua mais famosa ópera, o Guarani.  Carlos Gomes, faleceu em Belém, no dia 16 de setembro de 1896.

Busto de Carlos Gomes (Foto: Rogério Almeida)

Busto de Carlos Gomes (Foto: Rogério Almeida)

O Theatro da Paz, originalmente se chamava Theatro Nossa Senhora da Paz, nome dado pelo bispo da época, Dom Macedo Costa, em homemagem ao fim da guerra do Paraguai. Porém achando que o nome Nossa Senhora talvez fosse indigno para figurar na fachada de um espaço, dito de apresentações mundanas, o nome foi reduzido e simplesmente ficou só com a Paz.

Bustos simbolizando as artes: Dança, Poesia, Música e Tragédia no Theatro da Paz (Foto: Rogério Almeida)

Bustos simbolizando as artes: Dança, Poesia, Música e Tragédia no Theatro da Paz (Foto: Rogério Almeida)

Inaugurado em 15 de fevereiro de 1878, o Theatro da Paz foi construído com recursos oriundos da exportação do látex, no Ciclo da Borracha, e manteve o status de ser o maior teatro da região norte, até ser superado pelo Teatro Estadual Palácio das Artes de Rondônia, hoje um dos teatros-monumentos do país.

Ao ser tombado pelo Instituto de Patrimônio Histórico Nacional (IPHAN), o presidente desta entidade classificou o Theatro da Paz, como uma das 14 mais belas joias do patrimônio brasileiro

Basílica de Nossa Senhora de Nazaré (Foto:Rogério Almeida)

Basílica de Nossa Senhora de Nazaré (Foto:Rogério Almeida)

O nosso roteiro lírico por Belém, só poderia terminar com uma visita à Basílica de Nossa Senhora do Nazaré.

Multidão (Foto: Rogério Almeida)

Multidão (Foto: Rogério Almeida)

Considerada a maior festa cristã do Brasil e a maior procissão católica do mundo, o Círio de Nazaré, se realiza anualmente, no segundo domingo de outubro, e este ano reuniu mais de quatro milhões de fiéis.

Berlinda, uma mão no celular e a outra em oração (Foto: Rogério Almeida)

Berlinda, uma mão no celular e a outra em oração (Foto: Rogério Almeida)

O Círio, em devoção a Nossa Senhora de Nazaré, é celebrado em Belém do Pará desde 1793. Toda a programação se estende por quinze dias, durante a chamada quadra Nazarena. E inclui a  romaria fluvial, romaria rodoviária, moto-romaria, transladação, procissão do Círio, o Círio propriamente dito e o recírio.

Dentro da Basílica de Nossa Senhora de Nazaré (Foto: Rogério Almeida)

Dentro da Basílica de Nossa Senhora de Nazaré
(Foto: Rogério Almeida)

A Basílica Santuário de Nossa Senhora de Nazaré é a única basílica da Amazônia. Construída no início do século passado, a basílica possui o interior todo de mármore e foi inspirada numa obra-prima arquitetônica italiana: a basílica romana São Paulo Fora dos Muros.

O templo impressiona por sua beleza –destaque para os 54 vitrais coloridos, feitos na França, e os mosaicos da via-sacra, cujas pedrinhas foram unidas com uma cola tirada de um peixe da região, o gurijuba.

 Berlinda do Círio de Nazaré de 2019 (Foto: Rogério Almeida)

Berlinda do Círio de Nazaré de 2019
(Foto: Rogério Almeida)

O Círio de Nazaré,  impressionam pelos números:  além da massa de peregrinos que participa dos festejos que chega a quase 4 milhões de pessoas, os voluntários diretamente envolvidos neste Círio de 2019, são mais de 30 mil, mais do que a população de muitas cidades brasileiras, o que dá uma ideia da devoção do povo paraense a Nossa Senhora de Nazaré.

Berlinda do Círio de Nazaré de 2019 (Foto: Rogério Almeida)

Berlinda do Círio de Nazaré de 2019
(Foto: Rogério Almeida)

Multidão prestigia o Círio Naval (Foto: Rogério Almeida)

Mais de 400 embarcações dos mais variados portes participam oficialmente do Círio Naval, uma das procissões que fazem parte dos festejos.

Comandante do 4º Distrito Naval conduz a Imagem Peregrina para o Navio Hidroceanográfico "Garnier Sampaio" dando início ao Círio Fluvial 2019 (Foto: Rogério Almeida)

Comandante do 4º Distrito Naval conduz a Imagem Peregrina para o Navio Hidroceanográfico “Garnier Sampaio” dando início ao Círio Fluvial 2019 (Foto: Rogério Almeida)

 

Prefeito de Belém, Zenaldo Coutinho, conduz a Imagem Peregrina de 2019 (Foto: Divulgação)

Prefeito de Belém, Zenaldo Coutinho, conduz a Imagem Peregrina de 2019
(Foto: Divulgação)

 

Imagem Autêntica

Imagem Autêntica

A imagem “autêntica” ou “imagem do achado” como é chamada foi esculpida em madeira encontrada no ano de 1700 pelo caboclo Plácido às margens do igarapé Murutucú (no mesmo local onde hoje se encontra a Basílica Santuário).

Com 28 centímetros de altura ela carrega ao colo o Menino Jesus despido com um globo nas mãos e tem como característica os cabelos caídos sobre o ombro direito. Aos pés da Virgem, há a cabeça alada de um anjo, que é o símbolo iconográfico da glória celestial.

Na Basílica Santuário de Nossa Senhora de Nazaré, a imagem autêntica passa a maior parte do ano protegida por uma redoma de cristal no alto do altar-mor, apelidado de “o Glória”, entre anjos, nuvens e um belo esplendor de raios.

Ela só é retirada de lá uma vez ao ano, numa bonita cerimônia conhecida como a “Descida da Imagem” ou “Descida do Glória”, que ocorre na véspera da procissão do Círio, às 13h00.  Após a descida do Glória, durante toda a quinzena da Festa, a imagem fica exposta numa vitrine de vidro blindado instalado no presbitério, a pouco mais de um metro e meia de distância dos devotos, guardada por voluntários da Guarda de Nossa Senhora de Nazaré.

Desde que foi encontrada, a imagem autêntica já foi restaurada três vezes. Ela é coberta por um manto canônico, renovado a cada ano, trabalhado com fios e enfeites de ouro, doado por fiéis que permanecem no anonimato.

Por motivos de segurança, a partir de 1969 a imagem autêntica que era levada nas procissões do Círio foi substituída por outra chamada de “imagem peregrina”, porque sai em todas as procissões e cerimônias oficiais da festa Nazarena. Durante o ano, ela fica na sacristia da Basílica Santuário, em Belém. Esta imagem foi encomendada ao escultor italiano Giacomo Mussner, mas tem características próprias e não reproduz os mesmos traços da imagem “autêntica”.

Para melhor representar a região brasileira onde é mais cultuada, a imagem peregrina da Padroeira da Amazônia ganhou alguns traços das mulheres da região e o seu menino recebeu características indígenas e caboclas.

Corda do Círio levantada pelo pagadores de promessas (Foto: divulgação)

Corda do Círio levantada pelo pagadores de promessas (Foto: divulgação)

Um dos maiores desejos de quem participa do Círio de Nazaré é conduzir ou tocar na corda. Feita de sisal retorcido oleado, com 350 metros e pesando uma tonelada, a corda dos promesseiros é uma demonstração de devoção.

Há mais de seis anos era estendida no início da Avenida Boulevard Castilhos França, onde era atrelada à berlinda de Nossa Senhora de Nazaré. Hoje a corda lembra o terço católico, com as cinco estações e na ponta o triângulo que simboliza a Santíssima Trindade. A nova corda foi encomendada na Paraíba, terra conhecida pelo sisal de qualidade e resistência.

Quem segura a corda pede e agradece os milagres e segundo os devotos estes são muitos, desde a aquisição da casa própria, cura de doenças e até a vida de uma criança salva. Todos os anos centenas de mães levam seus filhos vestidos de anjos, em um dos inúmeros veículos e barcas especiais da procissão como o carro do Caboclo Plácido, do Anjo Protetor da Cidade, dos Milagres de Dom Fuás Roupinho e o da Santíssima Trindade.

Na chegada a quarta estação no início da Av. Nazaré a corda dos promesseiros é cortada e todos disputam um pedaço de um dos mais valiosos símbolos da festa religiosa. E no final retornam para seus lares na certeza de que no próximo ano estarão aqui agradecendo os milagres e participando da maior procissão mariana do mundo.

 Foto: Rogério Almeida

Foto: Rogério Almeida

Quem participa do Círio de Nazaré tem uma experiência única de vida. É emocionante os promesseiros conduzindo em suas cabeças, as graças alcançadas.

Mural das fitas diante da Basílica de Nazaré (Foto: Rogério Almeida)

Mural das fitas diante da Basílica de Nazaré (Foto: Rogério Almeida)

Foto: Rogério Almeida

Foto: Rogério Almeida

 

 

Literalmente com a santa na cabeça (Foto: Rogério Almeida)

Literalmente com a santa na cabeça (Foto: Rogério Almeida)

Pagadora de promessas (Foto: Rogério Almeida)

Pagadora de promessas (Foto: Rogério Almeida)

Promessas (Foto: Rogério Almeida)

Promessas (Foto: Rogério Almeida)

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Promessas (Foto: Rogério Almeida)

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Promessas (Foto: Rogério Almeida)

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Promessas (Foto: Rogério Almeida)

Promessas (Foto: Rogério Almeida)

Promessas (Foto: Rogério Almeida)

Este é o roteiro lírico de  Belém do Pará que eu amo, e de Nossa Senhora de Nazaré, a quem sou devoto.  E voltar aqui será sempre uma alegria e prazer.

 Foto: Rogério Almeida

Foto: Rogério Almeida

Imagem de Nossa Senhora de Nazaré do Círio de 2019

Imagem de Nossa Senhora de Nazaré do Círio de 2019

SERVIÇO:

Onde ficar:

A rede hoteleira de Belém é muito variada. No centro da cidade está o Hilton Belém (91) 4006-7000) que fica na Praça da República, e o Hotel Regente (onde fiquei), e que dá para ir a pé ao Círio (Av. Gov. José Malcher, 485. Fone: (91) 3181-5000). O hotel vende pacote para o Círio, com direito a hospedagem e camiseta.

Onde Comer:

A Estação das Docas tem bons restaurantes para todos os gostos, como o Lá em Casa (Av. Boulevard Castilho França, Galpão 2, Loja 4. Fone: (91) 3212-5588). Recomendo o buffet de comida  regional como o pato no tucupi, peixes, sobremesas.

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Restaurante  Moquém, do chef e médico Herlander Andrade. A moqueca amazônica é imperdível (Travessa Benjamin Constant, 1535. Fone (91) 98272-6053)

O que ver:

Complexo Ver o Peso, Forte do Castelo, Theatro da Paz, Museu Paraense Emílio Goeldi, Espaço São José Liberto, Mangal das Garças, Complexo Feliz Lusitânia e Portal da Amazônia

 

Informações:

Para obter informações turísticas:

http://setur.pa.gov.br/  e http://turismoparaense.blogspot.com.es/ e www.belem.pa.gov.br/belemtur/

 

Em Belém, vá ao posto de informações turísticos do Aeroporto Internacional Val-de-Cans ou da Estação das Docas.

 

(Este jornalista viajou à convite da Abrajet-Pará, com apoio do Hotel Regente, Secretaria de Turismo de Belém e Governo do Pará).

Texto e fotos: Rogério Almeida

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